Ao longo da história da humanidade, algumas civilizações como a Mesopotâmia ou Roma; Cidades-Estados como Atenas ou Esparta; regiões como Minas Gerais ou Califórnia (EUA), assistiram um boom populacional sem precedentes. Vez ou outra, o ser humano encontra razões suficientes para migrar para outras regiões que não a sua de origem em busca de novos horizontes, sejam eles financeiros, amorosos, profissionais ou apenas uma simples mudança de ares.
Desde a baixa idade média (século XIII ou XV), com o surgimento dos burgos (cidades comerciais que ficavam fora das muralhas feudais), a aglomeração de pessoas em torno de regiões economicamente promissoras foi um fenômeno que tomou conta de todos os continentes.
Atualmente, as cidades e o mercado possuem estruturas e mecanismos de funcionamento mais modernos e civilizados do que os burgos da idade média, mas o motivo pelo qual atraem tantas pessoas é basicamente o mesmo: esperança de uma vida melhor.
Há pouco mais de 100 quilômetros da capital mineira Belo Horizonte, uma cidade com menos de 100 anos atingiu neste mês de agosto de 2019 uma marca histórica: ultrapassou a casa dos 100 mil habitantes; entrou para a seleta lista de pouco mais de 300 municípios brasileiros com esta marca. Só pra lembrar: o Brasil tem 5.570 municípios.
Nova Serrana foi elevada a categoria de cidade em 1954. Antes, era um pequeno povoado produtor de polvilho que passava despercebido aos olhos de todos. Alguns fatos, que merecem um aprofundamento mais vertical, mas não serão tratados aqui, fez com que aquele pequeno vilarejo se transformasse na cidade que mais cresce no estado. Cito dois: a BR-262 cruzando o perímetro urbano do município e o nascimento da indústria calçadista.
Fato é que, ao longo dos anos, principalmente a partir das décadas de 1970/80, Nova Serrana viu sua população aumentar numa velocidade que poucas cidades do mundo viram. No censo do IBGE do ano de 2000, a cidade registrava pouco mais de 37 mil habitantes. Em 2010, já eram mai mais de 70 mil, e em agosto de 2019, bateu os 102.693. Isso dá um acréscimo de aproximadamente 3.500 novos habitantes por ano se instalando na cidade. Resumindo: a população triplicou em 20 anos.
Crescimento assim, no Brasil, (triplicar a população em 20 anos) somente no Rio de Janeiro, nos 13 anos em que a Coroa Portuguesa se instalou na capital fluminense (de 1808 a 1821 a cidade passou de 20 mil para 60 mil habitantes) e São Paulo no início do Século XX, com a explosão do processo de industrialização nacional. Há outros casos de boom populacional em Minas como em Ribeirão das Neves e Uberlândia (antiga Uberabinha), mas nada comparado com Nova Serrana de 2000 a 2019.
Pensando num padrão familiar de três componentes, sendo dois adultos e uma criança ou jovens, a cidade precisa de 1.000 novas vagas em salas de aulas todos os anos, ou seja, uma escola de 15 salas por ano, e mais de uma unidade de saúde por ano para atender as demandas dos adultos. E isso se tratando apenas de dois serviços públicos (Saúde e Educação), sem considerar emprego, água, energia elétrica, terrenos, casas, ruas asfaltadas, carros, vagas de estacionamento entre outras demandas da sociedade moderna.
Os desafios são enormes, mas o atual governo municipal é o primeiro a pensar, agir e encarar Nova Serrana com olhos progressistas e vanguardistas, sem achar que o município é um curral eleitoral dominado por coronéis. Não basta a indústria calçadista gerar 40 mil empregos por ano, bater recorde mês após mês no Caged, produzir anualmente mais de 100 milhões de pares de calçado. O poder público precisa garantir boas condições e qualidade de vida, as forças de segurança devem proteger a população de forma satisfatória e os próprios munícipes precisam colaborar para manter a cidade limpa, organizada, segura.
Nesse sentido, Nova Serrana parece estar no caminho certo. Em três anos da atual gestão já foram instaladas quatro novas unidades de saúde (Veredas da Serra, São José, Cidade Nova), Uma ESF (Capão), três escolas de ensino fundamental foram concluídas (Areias, Capão e Gamas), três Cmei’s estão em fase de conclusão (Adalberto Amaral, Novo Horizonte e Itapuã), outras duas escolas já estão com mais de 50% das obras executadas (Cidade Nova e Capão) e mais duas em fase de projeto (Concesso Elias e Frei Ambrósio) sem contar as melhorias significativas na UPA, a execução da Lei do Lote Sujo e a parceria com o Hospital Santa Mônica, o maior investimento em saúde já feito no município (mais de 100 milhões de reais). Por fim, a cidade que era a 4ª mais violenta do estado, viu a criminalidade cair em mais de 30% nos últimos dois anos, passando para a 35º posição. Que continue assim!
Valter Junior
